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06/03/2015

RESENHA sobre o prólogo do livro “A condição humana” de Hannah Arendt.

A autora do livro é bem direta e nos dá uma prévia do que está por vir nas próximas páginas e linhas deste prólogo e consequentemente do próprio livro. Digo isso porque ela vai direto ao ponto desde o primeiro parágrafo, dizendo que “Em 1957 um objeto terrestre feito pelas mãos do homem foi lançado ao universo” e que, “este evento supera todos outros em importância” E logo mais abaixo ela explica o porquê tamanha euforia sobre esse tal evento. É que finamente a humanidade passou a refletir sobre o seu tamanho e sobre o quão longe poderia chegar. Ou seja, o ser humano não estava mais preso à terra que o cerca, finalmente estava liberto para ir além e explorar, a fim de decifrar um dos enigmas que até os dias atuais nos deixa carregados de dúvidas, que é se estamos sozinhos no universo.

Seguindo com o prólogo ela nos da um choque de realidade, mesclando um futuro remoto com outro nem tão distante. Particularmente concordo com tais afirmações apesar de serem em parte contraditórias. Pois ela (a autora) afirma que a ciência tem se aprimorado a cada ano, e “está se esforçando para cortar o ultimo laço que faz do próprio homem um filho da natureza” e ainda seriamos capazes de desenvolver um individuo de proveta modificando o seu biótipo humano, aprimorando as capacidades físicas como, por exemplo, a barreira do tempo podendo ultrapassar os cem anos de idade. E que tais proezas serão realizadas ainda neste século.
Em contra partida faz um pressagio com a seguinte afirmação “A Terra é a própria quintessência da condição humana, e ao que sabemos, sua natureza pode ser singular no universo, a única capaz de oferecer aos humanos um habitat no qual eles podem move-se e respirar sem esforço nem artifício.” apesar de todos os avanços tudo isso pode ser em vão.

A grande verdade é que o ser humano é um ser racional dotado de criatividade, gosta de brincar de ser “criador”, gosta de ser Deus. Aliás, ouve-se por ai que fomos feitos a sua semelhança. E isso é uma grande ilusão, pois apesar de podermos aprender, desenvolver, inovar, criar, etc... Somos limitados pelo tempo, à única certeza universal é a morte. E pensando neste sentido que afirmo que para se ter qualquer grande avanço ou descoberta primeiramente o homem (ser humano/humanidade) precisa vencer este obstáculo. A barreira do tempo sempre foi um problema, grandes pensadores se foram quando ainda tinham muito a oferecer e descobrir. Já imaginou se Albert Einstein vivesse 150 anos? Ou se Isaac Newton morresse aos 200 anos? E o que seria melhor ainda. Imagine o quanto a humanidade ganharia em conhecimento se Charles Darwin, caminhasse  pela Terra algumas dezenas de anos à mais.

Com certeza o tempo nos distancia das descobertas e revelações que poderíamos ter se não fosse este monstruoso empecilho. Porém como eu disse anteriormente, somos dotados de criatividade e o tempo já não nos amedronta tanto assim. Essa história começou a se inverter a partir do armazenamento de informações, hoje em dia temos acesso a pesquisas que demoraram anos para serem desenvolvidas e que podemos entendê-las e julga-las (ou não) em questões de horas ou até minutos. E é sobre este tipo de tecnologia que Hannah Arendt cita, “Neste caso, seria como se nosso cérebro, condição material e física do pensamento, não pudesse acompanhar o que fazemos, de modo que, de agora em diante, necessitaríamos realmente de máquinas que pensassem e falassem por nós. Se realmente for comprovado esse divorcio definitivo entre o conhecimento e o pensamento, então passaremos sem dúvidas, à condição de escravos indefesos, não tanto de nossas máquinas quanto de nosso know-how, (conhecimento prático de como executar alguma tarefa) criaturas desprovidas de raciocínio, à mercê de qualquer engenhoca tecnicamente possível, por mais mortífera que seja”.
Ou seja, vencemos (em tese) o obstáculo tempo, porém estamos sendo destruídos pela própria preguiça, aprendemos o técnico e sobrevivemos com isso. Aquela sede de conhecimento já não está presente em nossas almas. E os poucos detentores dessa vontade de saber estão com seus estudos voltados à corrigir os erros que seus descendentes deixaram de herança, uma vez que precisam despoluir a Terra. Uma coisa é certa, este é o único planeta que nos dispõe condições suficientes para vivermos, logo subentende-se que; ou preservamos o que temos ou vamos em busca de outros planetas pelo espaço afora, ou façamos as duas coisas simultaneamente

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